domingo, 31 de outubro de 2010

 
Se eu quiser beber eu bebo, se eu quiser fumar eu fumo. Desconfiança não é meu nome, mais meu sobre nome é imprevisível. Meu sorriso singelo será sua salvaguarda garantida! É nele que sempre você deve confiar; Falei muitas vezes como um palhaço, mas nunca desacreditei na seriedade da platéia que sorria. Um dia deixamos de acreditar nos mocinhos, e começamos a obter sinais da REALIDADE. Ficou difícil, tudo aquilo, nada disso, sobrou meu velho vício de sonhar.. Não vá deixar que seu sonho termine aqui.. Está esperando que? Veja.. Sou muitas em uma só.. Por isso.. A qualidade está inferior, e não é a quantidade que faz a estrutura de um grande amor.. Simplesmente seja o que você julgar ser o melhor! Mas lembre-se que tudo que começa com muito pode acabar muito pior . A espera pode ser escorregadia, enquanto isso, o céu é o limite dos seus sonhos.. E seu único amor, é o amor próprio; Esperar, talvez seja o lógico! Pois esperar é a fraqueza de todos mortais, que deixam de viver por não acreditar, que um dia você vai sem medo acordar, em um mundo onde a estrela é você! Mas, será que o céu basta para meus anseios? Amanhã ou depois, tanto faz se depois.. Mas, será que vai demorar? Será que você vem? Então, viaje comigo?
Para um lugar inesperado! E não me utilize como uma droga, pois sou viciante e tenho contra indicações. Entenda que, compreendi que viver é ser livre, que ter amigos é necessário, que lutar é manter-se vivo. Aprendi que o tempo cura, que a magoa passa, que a decepção não mata, que hoje é reflexo de ontem, que os verdadeiros amigos permanecem, e que os falsos, graças a Deus vão embora.. APRENDI QUE A DOR FARTALECE, aprendi que sonhar não é fantasiar, que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos, que o segredo da vida é viver.. E já te aviso que: Não te trago ouro, porque ele não entra no céu, e nenhuma riqueza deste mundo. Não te trago flores, porque elas secam e caem ao chão. Te trago os meus versos simples, mais que vêem de coração. E sei que, um dia seus pés vão me levar, onde as minhas mãos não podem chegar.. Então assim descobrirá que sou uma estrela perigosa rosto ao vento marulho e silêncio leve porcelana templo submerso trigo e vinho tristeza de coisa vivida árvores já floresceram o sal trazido pelo vento conhecimento por encantação esqueleto de idéias ora por nós decompor a luz mistério de estrelas paixão pela exatidão caça aos vaga-lumes. Vaga-lume é como orvalho diálogos que disfarçam conflitos por explodir, ela pode ser venenosa como ás vezes o cogumelo é. No obscuro erotismo de vida cheia nodosas raízes. Missa negra, feiticeiros. Na proximidade de fontes, lagos e cachoeiras braços e pernas e olhos, todos mortos se misturam e clamam por vida. Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante. Que medo alegre, o de te esperar? E talvez suponha que me entender não é uma questão de inteligência e sim, de sentimento, entrar em contato. E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar. Por isso digo: Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade, e defenda a sua palavra, a vida não vale nada se você não viver uma boa história pra contar.. Venha.. Vamos viver tudo o que há para viver.. Vamos nos permitir. E te peço.. Por favor, não me pergunte onde estou indo porque eu não sei não, eu não sei mais. Vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo. Por que algumas vezes você não entende de onde estou vindo? Eu apenas estou tentando fazer com que você veja que eu desejo as simples coisas.. E quando alguém perguntar de sua experiência, quando você ficar mais velho, eu só queria que alguém tivesse me dito até que aconteça com você! Só uma palavra: NARGUILE.. Sou caipira sim, e com orgulho! E os sonhos de hoje serão o realizar de amanhã.. Amizade? Não se compra, não se ganha, não se empresta, se conquista! Cedo ou tarde, a gente vai se encontrar.. Mas não venha me dizer o que é melhor pra mim, a vida vai mostrando sempre foi assim. Pra que a pressa, se o futuro é a morte? É o que eu te disse? Eu sou assim, partindo pra cima fugindo de mim! Brinque comigo me amando, mas nunca me ame brincando. Você ama a vida? Não desperdice o tempo, pois é dele que se compõe a vida. A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios, por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento da sua vida.. Antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos. A tragédia da vida não está em não alcançar seus objetivos. A tragédia está em não ter objetivos para alcançar. O tempo é algo que não volta atrás; portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe mande flores. O tempo que você gosta de perde não é um tempo perdido. A primeira condição para ser realizar alguma coisa, é não querer fazer tudo ao mesmo tempo! O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano. Amamos mais aquilo que com mais esforço conseguimos. O talento forma-se na solidão; o caráter, na sociedade. Não sabendo que era impossível, foi lá e fez. O erro nada tem de estranho. É o primeiro estado de todo conhecimento. Grandes trabalhos são realizados não pela força, mas pela perseverança. Pessoas brilhantes falam sobre idéias, pessoas medíocres falam sobre coisas, pessoas pequenas falam sobre outras pessoas. A educação é simplesmente a alma de uma sociedade a passar de uma geração para outra. Um dia você chegou, todos te olharam, menos eu. Todos te abraçaram, menos eu. Todos te beijaram, menos eu. Todos sorriram com você,menos eu. Um dia você se foi,todos te esqueceram, menos eu. Por isso, confie em você, e em mais ninguém. Não faça da sua vida um rascunho, pois pode não dar tempo de passar a limpo. Um dia me disseram que quem sonha alto demais, o tombo é grande.. Só que esqueceram de me perguntar, se eu tenho medo de cair. Desconfie do destino e acredite em você! Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as estrelinhas. Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar. Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. Passava o resto do dia representando com obediência o papel de ser.. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. E faz de conta.. faz de conta que ela não estava chorando por dentro - pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros. Rifa-se um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente; contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras, sou irritável e firo facilmente, também ás vezes sou muito calma e perdôo logo. Não esqueço nunca nada, mas há poucas coisas de que eu me lembre. E tenho várias caras, mais todas são verdadeiras, e jamais deixarei cair minha máscara, se eu usa-la alguma vez, uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou uma o quê? Uma quase tudo, vestida de nada. Sou um monte intransponível no meu próprio caminho, mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece. Senti que podia, fui feita para libertar, libertar era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores. Só o que está morto não muda, e quem sabe não mudam também, reencarnação pode existir, e as vezes nem sabemos. Repito por pura alegria de viver: A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena! O que obviamente não presta sempre me interessou muito, gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão. Eu sou à esquerda de quem entra, e estremece em mim o mundo. Sou caleidoscópica: fascina-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro, sou um coração batendo no mundo.. Que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a coragem de me enfrentar. Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Não sei separar os fatos de mim, e daí a dificuldade de qualquer precisão, quando penso no passado.. Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais fortes, dos cafés mais amargos, e os delírios mais loucos. Você pode ate me empurrar de um penhasco que eu vou dizer, e daí, eu adoro voar! Ninguém dentro de si mesma poderia ter os pensamentos mais desligados da realidade, se quisesse. Se eu me visse na terra lá das estrelas ficaria só de mim. Depois de tudo o que eu disse, dá pra entender quem sou eu? Criar, é a melhor coisa, ainda mais quando paramos e vimos quanta platéia focada no projeto, é assim a vida, a vida é dos guerreiros, e não dos perdedores e vencedores. Eu acredito em mim, e isso basta. Copiar é fácil, aperte “ctrl+c” e fale a todos, “eu criei esse texto” , todos imaginaram que bela artista você é, mais e se te colocarem contra a parede, e disserem, crie mais um, vamos ver seu talento, e ai o que você faz? Copia novamente? E passa a vida copiando?

sábado, 30 de outubro de 2010


"Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho. Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente está precisando das coisas certas.Aí é a hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor. A pessoa errada é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma noite inesquecível. Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão. A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo porque a vida não é certa. Nada aqui é certo."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010


Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. 
Caio Fernando Abreu.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


"GAROTA IRRITANTE. Você sabe do que eu estou falando. Aquela que acha que é linda e inteligente e que todo cara está apaixonado por ela. Ela grita "Eu, eu, eu!" e levanta o braço sempre que um professor faz uma pergunta. É a pessoa mais hipócrita da sala, mas não quer parecer hipócrita, então ri muito e age de um jeito idiota para esconder a suposta genialidade. E ela é a bebum mais barulhenta e bagunceira que você já viu. Sem as amigas, ia desmaiar numa poça de vômito no chão do banheiro ou ir voando para a casa de um cara mais velho relaxadão. Mas as amigas dela sempre parecem ter pena dela, e no dia seguinte ela está mais eufórica do que nunca, sorrindo como se nada tivesse acontecido. O problema com a Garota Irritante é que, gostemos dela ou não, sempre temos um pouco dela em nós. É por isso que adoramos odiá-la tanto. Ela é nosso pior pesadelo. Quer dizer, quantas vezes você quis levantar a mão quando sabia a resposta, só se detendo porque não queria parecer uma imbecil? E quantas vezes você quis se sentar no colo de um cara e começar a beijá-lo mas não o fez por medo dele rir na sua cara? De certa forma, a Garota Irritante somos nós sem a insegurança. Ela é tão legal consigo mesma que dá vontade de bater nela. Mas no fundo você também quer poder ser assim tão detestável sem nenhuma preocupação com o que os outros pensam. Encare a realidade, as pessoas sempre vão encontrar motivos para nos odiar, especialmente se formos bonitas. Mas existe uma certa loura que parece incapaz de cometer um erro, não só ela entrou para todas as universidades impossíveis-de-entrar em que se inscreveu, como já conseguiu que todos os caras em cada uma das faculdades fizessem fila para falar com ela."

terça-feira, 26 de outubro de 2010

 
Engraçado como eu não sei dizer o que eu quero fazer porque nada me parece mais divertido do que simplesmente estar fazendo. Ainda que a gente não esteja fazendo nada. Eu, que sempre quis desfilar com a minha alegria para provar ao mundo que eu era feliz, só quero me esconder de tudo ao seu lado. Eu limpei minhas mensagens, eu deletei meus emails, eu matei meus recados, eu estrangulei minhas esperas, eu arregacei as minhas mangas e deixei morrer quem estava embaixo delas. Eu risquei de vez as opções do meu caderninho, eu espremi a água escura do meu coração e ele se inchou de ar limpo, como uma esponja. Uma esponja rosa porque você me transformou numa menina cor-de-rosa. Você me transformou no eufemismo de mim mesma, me fez sentir a menina com uma flor daquele poema, suavizou meu soco, amoleceu minha marcha e transformou minha dureza em dança. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido cheio de rendas e babados, tirou as pedras da minha mão. Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final. 
Tati Bernardi

segunda-feira, 25 de outubro de 2010


"Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. A rejeição é um processo de ver-se. Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer do outro uma representação daquilo que me falta. Isso não é amor, isso é coisa de criança. O anonimato é um perigo para nós. É sempre bom que estejamos com pessoas que saibam quem somos nós e que decisões nós tomamos na vida. É sempre bom estarmos em um lugar que nos proteja. Amar alguém é viver o exercício constante, de não querer fazer do outro o que a gente gostaria que ele fôsse. A experiência de amar e ser amado é acima de tudo a experiência do respeito. Como está a nossa capacidade de amar? Uma coisa é amar por necessidade e outra é amar por valor. Amar por necessidade é querer sempre que o outro seja o que você quer. Amar por valor é amar o outro como ele é, quando ele não tem mais nada a oferecer, quando ele é um inútil e por isso você o ama tanto. Na hora em que forem embora as suas utilidades, você saberá o quanto é amado! Tudo vai ser perdido, só espero que você não se perca. Enquanto você não se perder de si mesmo você será amado, pois o que você é significa muito mais do que você faz! O convite da vida cristã é esse: que você possa ser mais do que você faz! ” - Padre Fábio de Melo..

domingo, 24 de outubro de 2010

O encanto nosso de cada dia! =)


Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos que suportar uma segunda feira eterna? A beleza de cada dia só existe porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência. Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu armar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto. O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar. Foi então que a menina descobriu que, o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto, a parcela de encanto que seria necessário, para que a menina pudesse suportar a vida. O encanto alivia a existência...Aprisionado, ela o possuia, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto! Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto... Por vezes, insistimos em capturar o encantador, e então o matamos de tristeza. Amar talvez seja isso: Ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também. Precisamos descobrir, que há um encanto nosso de cada dia que só poderá ser descoberto, à medida em que nos empenharmos em não reter a vida. Viver é exercício de desprendimento. É aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas. Há uma beleza escondida nas passagens... Vida antiga que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem. Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna. Nem felicidade. Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento da tristeza e da alegria. Eles só são suportáveis à medida em que os dividimos... E enquanto dividimos, eles passam, assim como tudo precisa passar. Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando... Uma redenção está sendo nutrida nessa hora... Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só pra você. Ele só é encantado porque você não o possui. E nisto consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o passaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela.  
- Padre Fábio de Melo

sábado, 23 de outubro de 2010


Outro dia, uma amiga veio aqui em casa, começamos a conversar sobre literatura e acabei, meio a contragosto, emprestando um livro para ela (sim, sou essa pessoa chata que não gosta de emprestar livros! Ninguém devolve. Sei disso porque estou cheia de livro dos outros em casa). Bom, depois que emprestei, fiquei toda curiosa para saber o que ela tinha achado. Ela não costuma ler muito, mas eu tinha a certeza de que, desse livro, ela ia gostar. Depois de meses enrolando, ela finalmente começou a ler. Daí, um dia, ela entra no MSN e fala: "Terminei o livro". Pergunto: "E aí, e aí?" E ela responde: "Ah, não gostei do final". Sério. "Não gostei do final": isso é tudo o que ela tinha a dizer? Suspirei e perguntei o que ela achou, então, das outras 290 páginas, já que não tinha curtido as últimas dez. "Ah, sei lá, achei que a história ia acabar indo para outro lado", ela respondeu. De novo, a danadinha focada no final. Desisti e não comentei mais sobre o livro (a não ser para cobrar a devolução). E fiquei pensando: quantas vezes a gente não dá muito mais valor ao final das coisas do que à história toda? Nem é só com livros ou filmes. Tem gente que tem um namoro perfeito, que durou três anos felizes, sem nenhuma discussão. Ok, isso não existe. Mas, enfim, o namoro foi lindo a maior parte do tempo e teve um final péssimo - digamos, o cara se apaixonou por uma menina e ambos fugiram para o Caribe. Por que essa parte tem que apagar os três anos inteiros, como se eles não tivessem valido a pena? Tenho uma amiga que ama com todo o amor dela detonar o ex porque ele a largou de repente (embora não tenha fugido para o Caribe com ninguém). Hoje, ela já está toda serelepe com outra pessoa, mas, se você pergunta sobre aquele namoro, ela já vai respondendo que foi uma história sofrida, que quase morreu e tal. Ou seja, os momentos em que os dois tomavam sorvete, os passeios, a harmonia, tudo sumiu, e ficou só um cara sem coração e um fim sofrido. Pior, ficou aquela sensação de "não deu certo". Aliás, se tem uma coisa que sempre detestei nos meus fins de namoro é quando alguém me perguntava: "Ah, mas por que não deu certo?" Só porque acabou, não deu certo? Para mim, passar um tempão feliz com alguém é, sim, dar certo com essa pessoa, vai. Uma vez, um amigo meu, superneurótico com dieta, ficou tão encanado com o tanto que tinha comido numa festa que foi embora para casa de cara fechada, depois de uma noite bem divertida. Também tenho uma amiga que, no último dia de uma viagem de um mês, quebrou um dedo e ficou tão mal-humorada que nem gosta de se lembrar da viagem. Sério, foram tantos dias ótimos, mas ela só se foca no último. Já me peguei fazendo isto também: encanando com a parte chata de uma conversa que, pela noite inteira, foi tão agradável; recordando justamente a hora da festa que não foi legal. Por quê?
Pode ser o hábito, pessimismo, memória ruim. Sei lá. Só sei que eu, até o fechamento desta edição, não faço a menor ideia se existe vida depois da morte. Sem querer ser mórbida nem nada, se não existir, a gente vai ter que se contentar com um final bem sem graça para nossa trajetória: puf, sumimos da Terra. E aí, a vida valeu menos a pena por causa disso? Não acho. Prefiro me focar nas 290 páginas que eu aproveitei.
Liliane Prata - Capricho mês de Outubro..

sexta-feira, 22 de outubro de 2010


Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal. E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto" e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica. 
Tati Bernardi

quarta-feira, 20 de outubro de 2010


É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei. Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto. Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar. Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia. Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta. Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer,implorar. É triste lembrar como eu ria com ele. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa? Ele sabe, ele sabe.  
Tati Bernardi

terça-feira, 19 de outubro de 2010





Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; Aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias.
Caio Fernando Abreu

domingo, 17 de outubro de 2010

 
Eu não sei o que realmente deveria sentir. Mas eu sinto, e é forte, e antes de qualquer coisa, me ouça: Você pediu pra te amar, e eu o fiz, trato feito. Acontece porém que eu não tinha preparado para dar nome ás emoções, nem mesmo pra tentar entendê-las. Pois bem, hoje eu entendo, vai além do afeto, da vontade de estar perto, e esse é o problema. Não sabemos até que ponto esse sentimento pode crescer, não sabemos até que ponto isso se torna "bom" ou "mal". E não importa quanto tempo vá durar - é infinito agora.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Minha e das minhas lamentáveis escolhas. Minha e do meu coração lerdo. Minha e da minha imaginação pra lá de maluca. Então, com sua licença, deixe eu e minha culpa em paz. Eu e meu delicioso perdão por mim mesmo. Eu só te peço uma coisa. Pare de culpar a vida. Pare de ter pena de você. Se assuma. Se aceite. Se culpe. Se estrepe. Se mate. Mas se perdoe. Pelo amor de Deus, se perdoe. Somos todos culpados, se quisermos. Somos todos felizes, se deixarmos.
Fernanda Mello

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

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Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero.
Fernanda Mello

terça-feira, 12 de outubro de 2010


Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando nem que seja, muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone. Basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito, muito de você.
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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Eu me apaixono com certa facilidade. Ta, com MUITA facilidade. Tudo bem, eu consigo amar até uma berinjela. E faço mil planos, e sofro quando acaba, e tenho certeza de que não me apaixonarei mais, e me apaixono de novo e, bem, volto á primeira casa do tabuleiro. Um dia, conheci um cara muito legal. Mas acho que o meu botão de amar estava desligado. Ou mal apertado, sei lá. O caso é que eu gostava dele, mas não via estrelinhas, sabe? Mas, como a gente se sentia bem um com o outro, acabou que chegamos a namorar. Um dia, observando-o enquanto ele via TV, pensei que eu finalmente tivesse encontrado a chave de um relacionamento perfeito. Porque eu sempre tinha sido apaixonada pelos meus ex, mas quem disse que eu era feliz? A não ser que você considere felicidade chorar pelo telefonema que não vem, sentir o coração apertado ao ver aquela menina dando bola para ele, ficar na miséria a cada briga ou ter vontade de morrer só de pensar na possibilidade de perdê-lo. Tudo bem, nem sempre a coisa era tensa assim. Com certeza, havia períodos maravilhosos. E aí eu ficava eufórica, tinha a certeza de que seria feliz para sempre e fazia planos de casar ter filhos e 2 cachorros. Logo eu, que nem gosto de cachorros. O ponto é: não era uma felicidade tranqüila. Ou eu estava nas nuvens ou na lama. Quando estava na lama, não conseguia enxergar as nuvens-em compensação, quando estava nas nuvens, morria de medo da lama. Ali, na sala, olhando para meu namorado superlegal, me senti uma vitoriosa. Finalmente, eu tinha vencido o amor! Eu tinha mostrado a ele que consigo ter uma relação sem ciúme, sem medo, sem ansiedade e sem discussões porque nada me incomoda.Quer vida mais tranqüila e harmônica que essa?Por que o amor tem essa bola toda, mesmo? Tão mais pratico um namoro sem nenhuma lagrima, nenhum tormento, nenhum aperto no peito e, bem...nenhuma batida forte no coração. É, nem preciso dizer que meu relacionamento superlegal não durou muito. E que eu me senti uma idiota quanto terminei porque eu nunca, NUNCA, tinha vivido uma relação tão saudável e tranqüila. Nem monótona era.A gente fazia mil coisas. Mas o que eu podia fazer se sentia falta da felicidade eufórica e das lamas miseráveis...Eu sentia falta de estar apaixonada. De planejar os próximos 50 anos com alguém, de ter medo de perdê-lo, de ter medo de me perder. Afinal, a paixão é assim, né? Uma delicia, mas deixa a gente neurótica. E se depois de alguns anos virar amor, que é um sentimento sereno e aquela coisa toda? Bom, o maximo que já fiquei com alguém foram 4 meses e garanto: foram 4 meses sentindo batidas fortes no coração. Porque é assim que o amor faz sentido pra mim, meio neurótico.
Liliane Prata

domingo, 10 de outubro de 2010


Ele merece todo meu carinho, e admiração, apesar de não ter vencido o "Raul Gil" ele ja é um vencedor, so pela voz, e o carisma, e como ele nos toca com a sua musica =)
Renatoo Viianna, tem muuuito pela frente ainda! ♥

sexta-feira, 8 de outubro de 2010


Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê. O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade. E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro. Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos. Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.
Martha Medeiros

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada. 
  • Fabricio Carpinejar

quarta-feira, 6 de outubro de 2010


Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha. Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa? Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio. O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa. O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito. A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer, Amar é surpreender.
Martha Medeiros

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo.
Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas - se um dia a gente se encontrar de novo, eu direi delas, caso contrário não será preciso.
Caio Fernando Abreu

domingo, 3 de outubro de 2010

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar. Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar. Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência, pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.
Martha Medeiros

sábado, 2 de outubro de 2010

Gotta Be Somebody..


Desta vez, eu pergunto como é sentir, encontrar a pessoa para esta vida, a pessoa que todos nós sonhamos, mas apenas sonhos não são suficientes, então eu esperarei por algo real, eu saberei disso pelo sentimento, o momento quando nós nos encontramos, irá aparecer como uma cena, direto no telão, então, eu estarei segurando a minha respiração, até o final.
Até aquele momento quando, eu encontrar a pessoa que eu passarei para sempre junto, porque ninguém quer ser o último ali, porque todo mundo quer se sentir como se alguém se importasse, alguém para amar com minha vida nas suas mãos, lá fora deve ter alguém para mim assim. Esta noite, na rua, na luz do luar, e maldição isto parece certo, é apenas como déjà vu, eu parado aqui com você, então, eu segurarei minha respiração, pode ser esse o fim? É este o momento que eu encontrei a pessoa que eu passarei junto para sempre? ♪

sexta-feira, 1 de outubro de 2010


Sempre tentei descobrir se mundo de fadas existia mesmo. Achei um castelo e uma varinha mágica, um principe encantado em seu cavalo branco, procurei em mim uma princesa e achei, fugi de uma bruxa malvada que queria meu mal, procurei fadas e descobri que tudo naquele castelo era falso. O castelo não existia, o principe encantado partiu o meu coração e o seu cavalo branco fugiu, a princesa que existia em mim na verdade era uma garotinha que tinha medo de ser decepcionada, a bruxa malvada que queria meu mal na verdade queria meu bem e eu a espantei, e as fadas, bem, eram na verdade borboletas voando felizes e ai eu pensei, sim, eu acredito em fadas.